Criado na década de 70 nos EUA, o RPG (abreviação de role-playing game, comumente traduzido como “jogo de interpretação de papéis”) é um tipo de jogo em que os participantes criam histórias em conjunto dentro de um cenário fictício, cada um controlando, ou interpretando, um ou mais personagens.
Os RPGs eletrônicos modernos são extremamente populares, especialmente os do tipo MMO (massive online multiplayer), que podem envolver a interação direta entre centenas de jogadores ao mesmo tempo. Em contrapartida, os “RPGs de mesa” (a forma original deste tipo de jogo) são jogados em pequenos grupos, tipicamente de três a seis pessoas (embora grupos menores ou maiores sejam perfeitamente possíveis). Em um RPG de mesa, diferentemente dos RPGs eletrônicos, os jogadores são livres para descrever verbalmente as ações de seus personagens, seguindo um sistema de regras sujeito a interpretações subjetivas e/ou arbítrios situacionais. Graças à criatividade e capacidade de abstração humana, cada sessão de RPG de mesa é basicamente imprevisível.
Assim como nos livros e filmes, RPGs diferentes podem se focar em histórias de diversos estilos, como aventura, terror, investigação, intriga política, etc. Há também uma infinidade de cenários, fantásticos ou realistas, baseados em qualquer mundo e período temporal imaginável. Alguns RPGs são adaptações (oficiais ou não) de filmes, livros ou jogos pré-existentes, enquanto outros, como este aqui, apresentam um universo completamente novo.
Afastando-se das suas origens nos clássicos wargames recreativos (jogos de tabuleiro que simulam batalhas e guerras realisticamente), um RPG de mesa moderno geralmente não tem vencedores ou perdedores no sentido comum. Obviamente, competições e disputas entre personagens ou entre jogadores podem acontecer no intuito de tornar a história e o jogo mais interessantes.
Ao longo das jornadas, combates e desafios do jogo, os jogadores muitas vezes têm como meta pessoal a simples sobrevivência e evolução do seu personagem. O objetivo geral do jogo, porém, costuma ser o próprio entretenimento proporcionado pelo desenvolvimento improvisado de uma narrativa, a solução de problemas através do uso de experiências pessoais, sagacidade e sorte, a interação entre os jogadores e a interpretação dos personagens. Na maior parte dos RPGs, a jornada é mais importante que o destino, e uma sessão engajante e divertida poderá ser considerada um sucesso para os jogadores mesmo que seus personagens não alcancem seus objetivos.
A maior parte dos RPGs de mesa tem componentes aleatórios, para os quais normalmente usam-se dados ou baralhos. Além de serem usados para se ter diversidade e imprevisibilidade em cada sessão de jogo, estes elementos servem também para se solucionar impasses e definir o resultado das ações que os “personagens de jogador” (PdJs) tentam executar segundo a vontade dos seus respectivos jogadores, especialmente em situações de combate.
Em um RPG de mesa típico, um dos participantes exerce o papel de “mestre do jogo” (tradução direta de game master, comumente abreviado para GM), também chamado, dentre vários outros nomes, de árbitro, narrador ou apenas mestre. É ele quem apresenta e controla o universo dentro do qual a história se passa, além de controlar os “personagens do mestre” (PdMs), que são basicamente todas as pessoas e criaturas dentro do jogo que não pertencem aos jogadores. O mestre é como o “computador” ou a “cpu” em um videogame, seu papel é construir e administrar o mundo com o qual os jogadores irão interagir, dar-lhes desafios para conquistar, recompensar seus sucessos e promover o entretenimento de todo o grupo. Ser o mestre do jogo (ou “mestrear”, como é dito popularmente) é um exercício de organização, improvisação e comunicação.
Para cumprir seu papel, existem listas, tabelas e regras de onde o mestre pode selecionar (especificamente ou aleatoriamente) encontros com PdMs, recompensas, eventos e ambientes para os PdJs. Ele, porém, não é limitado por materiais pré-existentes e pode criar aventuras, itens, magias e criaturas por conta própria. O mestre é o participante que mais se dedica ao jogo fora do jogo, se familiarizando o máximo possível com as regras (podendo também ignorar, modificar e adicioná-las) e o cenário (o mundo fictício, também passível de modificações) e preparando a aventura que o grupo irá viver na próxima sessão.